Quando os atuns saem, as sardinhas fazem a festa

Escrito por Petrus
Qua, 23 de Fevereiro de 2011 14:22
Instituto


Por Raquel Neves

As últimas décadas foram marcadas por bruscas quedas no número de peixes carnívoros de maior tamanho e alto valor comercial que ocupam os maiores níveis da cadeia alimentar, como atuns e bacalhau, em função da pesca excessiva. Simultaneamente, populações de pequenos peixes como sardinhas e anchovas apresentaram um aumento repentino de 130%, de acordo com os resultados recentes de estudos englobando ecossistemas marinhos ao redor do mundo.  Pesquisadores dizem que essa mudança no balanço da teia alimentar marinha não é saudável, e uma possível alternativa seria mudar o foco do consumo dos grandes peixes (predadores) para peixes menores.

Mudanças na proporção entre predadores e presas são preocupantes por desencadearem consequências em cadeia, tornando os ecossistemas mais susceptíveis a modificações na composição das espécies encontradas no ambiente em questão. O aumento da população de pequenos peixes acarreta numa maior procura por alimento, principalmente pequenos organismos que vivem na coluna d’água, chamados de zooplâncton.

Não se sabe ao certo quais seriam as consequências indiretas da pesca excessiva sobre os grandes predadores marinhos. O aumento do número dos peixes menores, e com isso a maior predação sobre o zooplâncton, podem reduzir as populações desses pequenos organismos ou mesmo afetar processos como a fotossíntese (conversão de CO2 em O2 por pequenas algas que vivem na coluna d’água – microalgas chamadas de fitoplâncton - que são a base da cadeia alimentar marinha).

Esse é mais um dos exemplos que mostram como ações humanas crônicas podem trazer consequências em cadeia para os sistemas marinhos. A pesca sustentável, ou seja, a captura de peixes no limite em que a população consiga se manter ao longo do tempo, reduziria os efeitos negativos sobre grandes predadores e evitaria as modificações na estrutura dos sistemas marinhos.

Última atualização em Qua, 23 de Fevereiro de 2011 14:26
 

Comentários  

 
+1 #2 Raquel Neves 24-02-2011 10:43
As políticas até existem, mas não se tem total controle. Ainda mais no Brasil, com uma zona costeira enorme é muito difícil controlar quem pesca e onde se pesca. Claro que as grandes embarcações, frota industrial, não têm como se esconder mas mesmo assim existem outros interesses agregados (principalmente o financeiro) que fazem deixar passar a questão ambiental.
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0 #1 Antoine 23-02-2011 22:11
Mas o governo não tem politicas de pesca sustentável? Como anda o controle disso. Nao podemos ficar a merce das grandes corporacoes que trabalham sob o sistema de oferta e procura.
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