Bioinvasão marinha: um problema global

Escrito por Clerio Aguiar Jr
Qui, 13 de Agosto de 2020 10:05
Instituto

Por André Breves. R. (abr@biologia.ufrj.br) Bioinvasão marinha: um problema global

Artigo publicado na edição 2 da revista InForMar

Em todo o mundo, o transporte e as atividades marítimas têm-se intensificado com o aumento do comércio entre os países. Milhares de organismos podem ser transportados involuntariamente de um local a outro através da água de lastro dos navios e da bioincrustação em plataformas de petróleo, em casco de navios e em embarcações de passeio. A aquacultura também tem causado a introdução de organismos em locais onde antes não existiam. Dessa forma, a biota marinha do Planeta Terra está sendo rapidamente homogeneizada, aumentando a distribuição de espécies para além de sua ocorrência natural.  Moluscos, corais, ascídias e poliquetas, dentre outros grupos, têm sido os protagonistas de uma invasão silenciosa.  As espécies transportadas de um continente para outro, apesar de potencialmente perigosas, nem sempre causam problemas. Isso porque geralmente o sucesso de uma introdução biológica depende da similaridade ambiental entre o local de origem da “invasora” e para onde são levadas.  Por exemplo, se uma determinada espécie do sudeste do Brasil é introduzida no ambiente gelado da Antártida, provavelmente não sobreviverá. Além disso, fatores bióticos, como a predação e a competição entre espécies que já ocorrem no local (nativas), também podem ser relevantes. Sendo assim, só são considerados organismos realmente invasores aqueles que, uma vez transportados, causam modificações no novo ambiente. Espécies invasoras são consideradas uma grave ameaça à biodiversidade, visto que geralmente passam a apresentar uma alta densidade populacional e podem causar o desaparecimento de espécies nativas.  No Brasil, diversas pesquisas têm sido realizadas com espécies marinhas invasoras, mas poucos são os estudos experimentais que têm mostrado alterações reais nos ecossistemas. Estudos ecológicos sobre as invasões são essenciais para a compreensão dos fatores determinantes para a dinâmica das comunidades. Além disso, os estudos de levantamento da biodiversidade nos diferentes ambientes são fundamentais para conhecermos as espécies nativas.  São exemplos de espécies introduzidas no litoral brasileiro: os bivalves Isognomon bicolor e Myoforceps aristatus, a craca Amphibalanus reticulatus, os corais-sol Tubastrea tagusensis e T. conccinea, o coral-mole Stereonephthya aff. curvatae o já bem estabelecido mexilhão Perna perna. A introdução desta última espécie é bastante antiga e provavelmente ocorreu através dos navios negreiros.  Tendo em vista o grande número de navios que frequentemente aportam na costa brasileira, além da atuação cada vez maior de todo o setor petroleiro (novas plataformas e embarcações),é crescente a ameaça das espécies invasoras, o que requer um grande envolvimento dos diferentes atores da sociedade. Diversas universidades brasileiras, centros de pesquisa e órgãos ambientais têm se mobilizado para evitar tragédias ecológicas e econômicas.  A comunidade científica nacional já debate o problema, levando bastante a sério os riscos dessas invasões. É importante conhecermos os problemas e combatê-los para deixar os penetras de fora.

 

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