Descobrindo a Idade dos Peixes

Escrito por Aline Aguiar
Dom, 09 de Agosto de 2020 07:56
Instituto

Por Alexandre Aschenbrenner

Os peixes constituem mais da metade das espécies de vertebrados conhecidas atualmente. Além da sua grande diversidade, se destacam também por sua importância na dieta das pessoas, como fonte de proteína, e por serem um produto da economia de alguns países. Quando observamos um determinado peixe, não podemos dizer ao certo a sua idade apenas pelo tamanho e isto ocorre também com os seres humanos. Uma pessoa grande não significa que seja velha! Tamanho não é o melhor critério para se saber a idade de seres humanos, nem a de peixes. Apenas pode dar uma ideia aproximada. E ter uma ideia pode ser pouco, sendo necessário mais precisão! Para tal, pesquisadores desenvolveram um método muito eficaz para estimar a idade dos peixes através das estruturas calcificadas. Uma das estruturas mais utilizadas em estudos sobre a idade dos peixes são os otólitos. Essas peças ósseas se encontram dentro da cabeça dos peixes e são análogas ao ouvido interno humano, fornecendo equilíbrio e noção de movimentação. Em um trabalho de pesquisa, primeiramente os otólitos são retirados e tratados e só assim, então, os anéis de idade são contados. O número de anéis que se formam anualmente nos indivíduos pode variar e a formação destes anéis está associada com o ambiente onde os peixes vivem. Na Amazônia, por exemplo, encontramos espécies que formam dois anéis por ano. Já em lugares de clima temperado, a formação ocorre apenas uma vez ao ano. Mas qual a finalidade de tudo isso?

Atualmente com o aumento expressivo da população mundial, a crescente demanda por alimento e o desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à pesca, os peixes não têm tido muitas chances de escapar das redes. Com isso, se mata mais peixes do que nasce, reduzindo o estoque. Esta é a chamada sobrepesca e é a maior responsável pela redução de muitas populações. E ainda tem mais um agravante! Espécies de crescimento lento, que levam muito tempo até estarem prontas para se reproduzirem, são mais susceptíveis à pressão de pesca e podem facilmente ser extintas! Um exemplo clássico é o caso do Mero, que só começa a se reproduzir em média aos seis anos, sendo considerada uma espécie ameaçada de extinção. Ao se estabelecer a relação entre reprodução, tamanho e idade dos peixes, a ciência fornece informações importantes para que se formulem leis de proteção. Uma das medidas adotadas tem sido o estabelecimento de um tamanho mínimo das espécies de peixe para que possam ser capturadas, garantindo aos indivíduos atingirem a fase reprodutiva. A idade do peixe também pode ser um índice de saúde de um ecossistema. Em um ecossistema saudável e longe de ameaças, se espera encontrar uma boa porcentagem de indivíduos com idade mais avançada.

Em suma, cientistas estudam a idade do peixe para saber por quantos anos o recurso pesqueiro pode ser explorado, ou até mesmo quanto tempo demora para que o estoque de uma dada espécie se recupere de uma possível sobrepesca! Também podemos fazer a nossa parte! Sugiro a você leitor, antes de comprar um peixe, procurar se informar se esta espécie está incluída nas listas de espécies ameaçadas. Estas listas podem ser acessadas pelo Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br) ou mesmo através da União Internacional da Conservação da Natureza (www.iucn.org).

A informação é o primeiro passo para a conservação e para o uso consciente dos recursos naturais. O pescador não pescará um Mero se ninguém consumi-lo!

 

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